Título: O Conto da Aia (The Handmaid's Tale)
Autora: Margaret Atwood
Páginas: 368
Editora: Rocco
Classificação: 4/5

O Conto da Aia foi escrito em 1985 e se trata de um mundo distópico, no qual o número de mulheres férteis é quase extinto e consequentemente a taxa de natalidade ao redor da terra está crítico. O que torna essas mulheres muito preciosas nessa sociedade. Ambientada em um Estado totalitário e extremista as mulheres são vítimas de opressão, tornam-se propriedade do governo e são obrigadas a morar com um casal e servem somente para a procriação.

Acompanhamos na trama a vida de Offred, que na verdade tem outro nome, contudo é proibido usar seu nome antigo. Vemos como é o seu dia-a-dia, na casa onde ela serve à família do Comandante e esperam que ela dê um filho à eles. Podem ter tentado tirar tudo da personagem, mas algo que não se podem tirar de ninguém: o poder de calar a mente e as reflexões de um indivíduo.
"Se for uma história que estou contando, então tenho o controle sobre o final. Então haverá um final, para a história, e a vida real virá depois dele. Podere recomeçar onde interrompi. Isso não é uma história que estou contando. É também uma história que estou contando, em minha cabeça, à medida que avanço. Conto, em vez de escrever, porque não tenho nada com que escrever e, de todo modo, escrever é proibido. Mas se for uma história, mesmo em minha cabeça, devo estar contando-a a alguém. Você não conta uma história apenas para si mesma. Sempre existe alguma outra pessoa. Mesmo quando não há ninguém."

O livro traz flashes do passado e do presente o que me deixou um pouco confusa até pegar o ritmo da leitura.

"É estranho lembrar como costumávamos pensar, como se tudo estivesse disponível para nós, como se não houvesse quaisquer contingências, quaisquer limites; como se fossemos livres para moldar e remoldar para sempre os perímetros sempre em expansão de nossas vidas."

A autora nos mostra uma sociedade machista, não tem a censura de nos mostrar o que acontece com quem não segue o que o governo impõe e devo dizer que o que mais assusta é pensar em diversos pontos que são vistos acontecendo atualmente ao redor do mundo, como a homossexualidade criminalizada em alguns países, por exemplo. Mesmo se tratando de um livro antigo nos faz questionar em vários momentos, nos quais podem ser vistos na nossa sociedade.

"Não permita que os bastardos reduzam você a cinzas."

Um único ponto que deixou a desejar foi o final que ficou em aberto, e deixa o leitor louco para saber o que ocorreria após os últimos acontecimentos.

Margaret conseguiu criar uma trama que prende o leitor do começo ao fim e recomendo para todos, tanto o livro quanto a série. A forma como Atwood criou esse universo só me deixou mais curiosa ainda para conhecer as outras obras dela.

Esse ano, a obra ganhou uma série pelo sistema de streaming Hulu, e recebeu várias indicações ao emmy. Além de já possuir uma segunda temporada programada para estrear ano que vem. Conta com uma fotografia incrível e atuações exemplares. Com certeza a melhor estreia do ano, na minha opnião.

Falando sobre séries, outra obra da autora ganhará uma série, publicado como Vulgo Grace no Brasil também pela editora Rocco, será lançada com seu título original, "Alias Grace" ainda esse ano na Netflix.


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